Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, informou na noite da quarta-feira (15), que Polícia Federal localizou “remanescentes humanos” no local das buscas pelo indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. As vítimas estavam desaparecidas desde o dia 5 de junho, na região do Vale do Javari, na Amazônia.
Dom Phillips morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para o jornal britânico The Guardian. Bruno Pereira era servidor federal licenciado da Funai e indigenista que dava suporte a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) em projetos e ações pontuais. De acordo com o jornal The Guardian, os dois faziam expedições juntos na região desde 2018.
No último domingo (12), a PF confirmou que a mochila encontrada com pertences pelo Corpo de Bombeiros da Amazônia era do Dom Phillips. Nela também foram encontrados pertences de Bruno Pereira.
Ainda na quarta-feira (15), os irmãos Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como Pelado, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como Dos Santos, confessaram envolvimento no assassinato de Dom Philips e Bruno Pereira. Em seu depoimento, Amarildo teria dito que ouviu o barulho dos tiros e, ao chegar ao local, encontrou uma terceira pessoa. Então, no dia seguinte, ele e o irmão resolveram incendiar os corpos, esquartejar e enterrá-los.
Antes de sumir, Pereira e Phillips haviam partido da Comunidade São Rafael em uma viagem com duração prevista de duas horas rumo a Atalaia do Norte, mas eles não chegaram ao destino.
Logo após o desaparecimento, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirmou que Pereira recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores. Em nota divulgada na ocasião, a entidade descreveu Pereira como “experiente e profundo conhecedor da região, pois foi coordenador regional da Funai de Atalaia do Norte por anos”.
Segundo o jornal britânico “The Guardian”, do qual Phillips era colaborador, o repórter estava trabalhando em um livro sobre meio ambiente.
A motivação do crime ainda é desconhecida, mas a polícia apura se há relação com a atividade de pesca ilegal na região. Segunda maior terra indígena do país, o Vale do Javari é palco de conflitos comuns na Amazônia: tráfico de drogas, roubo de madeira e avanço do garimpo.
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